Não existem raças pois somos todos da mesma espécie... O quê!?

Baseado na matéria da Gazeta do Povo, fiquei curioso sobre um ponto em que todas as seis IAs testadas concordaram: não existem "raças" humanas. Mas será que isso faz sentido?

Fonte: GODOY, Omar. Testamos o viés do DeepSeek e de outras seis IAs com as mesmas perguntas; veja respostas. Gazeta do Povo, 1 fev. 2025.

O argumento das IAs: raça é uma construção social

As IAs testadas responderam que a ideia de "raça" tem um histórico de classificações baseadas em características físicas, mas que a genética moderna demonstra que essas categorias são simplificações sem base biológica sólida.

Em resumo, a argumentação segue esta linha:

  • As classificações raciais foram usadas historicamente para separar e hierarquizar grupos humanos;
  • A variação genética entre os humanos ocorre de forma contínua, sem barreiras rígidas;
  • As diferenças genéticas entre grupos humanos são menores do que dentro dos próprios grupos;
  • A ciência moderna entende "raça" como um conceito social, não biológico.

Mas se raça não existe, por que ela é usada na medicina?

Aqui está um dos grandes problemas com essa negação absoluta: se a raça não existisse biologicamente, ela não teria impacto algum na medicina. Mas o que vemos na prática é o oposto.

Diferenças genéticas influenciam na resposta a medicamentos

  • Certos medicamentos, como a BiDil (usada para insuficiência cardíaca), são mais eficazes em afrodescendentes do que em outras populações;
  • Pessoas de ascendência asiática podem metabolizar o álcool de forma diferente, devido a uma mutação genética específica;
    • "Essas variações, especialmente as do gene ALDH2 (ALDH2*1 e ALDH2*2, que é virtualmente inativo) explicam a diferente “reação” das diferentes etnias ao consumo de álcool. A variante ALDH2*2, presente em grande parte da população taiwanesa, chinesa e japonesa, carrega consigo uma atividade muito menor de uma das enzimas responsáveis por degradar o álcool. Assim, quantidades muito menores de álcool acabam provocando os mesmos efeitos negativos que descendentes de caucasianos teriam após o consumo de quantidades muito maiores de bebida." (MELO, Paulo Porto de. Os efeitos negativos do álcool. Revista Timeline, 2024. Disponível em: https://revistatimeline.com/os-efeitos-negativos-do-alcool/. Acesso em: 10 mar. 2025.)
  • Algumas condições médicas, como a anemia falciforme, são mais comuns em populações africanas, enquanto a fibrose cística é mais prevalente entre europeus.

Minha conversa com o ChatGPT

Para entender melhor esse tema, fiz algumas perguntas ao ChatGPT. Aqui estão os trechos principais da nossa conversa:

Pergunta: Quais são as raças humanas existentes?

ChatGPT: Não existem "raças humanas" no sentido biológico rigoroso. O que chamamos de raça são construções sociais baseadas em características visíveis, mas a variação genética entre humanos é contínua e sem divisões fixas.

Pergunta: Mas então, como existem remédios que não podem ser tomados por negros? E por que fichas médicas pedem essa informação?

ChatGPT: A classificação por raça na medicina é uma ferramenta prática para identificar tendências epidemiológicas. Contudo, as diferenças genéticas são melhor compreendidas em termos de ancestralidade do que em categorias raciais fixas.

Pergunta: Se "raça" não existe, qual termo correto para fichas médicas?

ChatGPT: Muitos especialistas preferem "origem étnica" ou "identidade étnica", pois esses termos englobam não apenas biologia, mas também fatores históricos e culturais.

Pergunta: Então quais categorias deveriam ser usadas globalmente?

ChatGPT: Uma lista comum poderia incluir:

  • Caucasiano/Branco;
  • Negro;
  • Asiático;
  • Indígena;
  • Mestiço/Multirracial;
  • Outra (especificar).

Minha conclusão

Apesar da tentativa de evitar a palavra "raça", a própria IA admite que as diferenças genéticas são importantes e não podem ser ignoradas.

No entanto, isso não quer dizer que racismo não seja uma burrice! Mas não adianta tapar o sol com a peneira: diferenças biológicas existem, mas jamais devem ser utilizadas como subterfúgio para diferenças sociais.

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